domingo, 13 de junho de 2010

O mundo por trás do MURO

Dois homens estão construindo um muro. Um muito alto e um muito baixo. O homem mais baixo já acabou seu serviço e o muro já se ergueu sobre ele, tampando completamente sua visão. Ao contrário o homem mais alto admira com orgulho o outro lado, que antes não era dividido por aquele muro, visualizando tudo através dele. Porém, o mais baixo, nunca conseguirá enxergar sem ajuda, e por não conseguir por suas próprias forças, nem anseia tentar.

Mas colocando em contextos reais, o homem mais alto, além de conseguir enxergar inúmeras coisas que o mais baixo não, sente vontade de ajudá-lo, para que seu amigo consiga ver tudo que ele consegue.

No meu caso, eu enxergo muitas coisas, mas no geral, as pessoas não tem a altura o suficiente para ver o que está do outro lado do muro, o que vai além dessas paredes. E sempre que tento descrever o que está do outro lado, não tenho ouvidos acolhedores. Sempre que sugiro meu ombro para que aquela pessoa possa observar o que tem do outro lado, ela prefere continuar olhando para o amontoado de tijolos.

E por isso, ás vezes tento fazer as coisas ao meu modo. Tento dizer, tudo que vi por trás da parede, mas como ninguém mais viu, meus conselhos são ignorados, como se aquele muro, que divide a visão daquelas pessoas da paisagem fosse mentira.

Normalmente, vejo os erros, que poderiam ter sido evitados, se apenas uma espiada por trás do muro tivesse sido feita, normalmente fico em silêncio quando alguém vai tentar algo que sei que dará errado, pois de certo modo, por trás do muro, eu enxerguei uma solução que aquela pessoa não, normalmente fico só no alto, olhando para baixo, observando a visão limitada dos demais.

Mas às vezes, como todo reles mortal, eu cometo o mesmo erro. Compartilho com os outros, o que vi por de trás do muro, mas ninguém entende, ninguém nunca viu o que eu vi. Dão de ombros, simplesmente ignoram.

Sigo os passos, faço como vi, e como julgo certo. Mas no final, isso é verdadeiramente egoísmo.

Mas é egoísmo querer ajudar quem você ama? É egoísmo, evitar que algo ruim aconteça com quem você estima muito? É egoísmo encontrar uma solução onde ninguém viu uma? É egoísmo querer o melhor para quem está fazendo o errado, e aconselhar varias vezes, mesmo que as palavras caminhem pelos ouvidos? É egoísmo tomar as dores de quem você gosta, conhecendo a causa e se posicionando á favor?

Então sim, eu ERA egoísta.

Eu tentava ajudar, quem não conseguia sair de seus problemas sozinho, eu tentava ajudar, quem estava errando, e eu via a solução. E a maioria dos meus erros, foram feitos, porque eu só quis ajudar.

Mas hoje, vejo que sendo o homem alto, ninguém destes baixinhos enxergará o que eu vejo. Ninguém destes baixinhos vai querer uma escada para compartilhar comigo as lindas paisagens que eu vejo, ninguém destes baixinhos irá crescer para ter a dimensão do que é o mundo lá fora.

Por isso, a minha boca sepultei, para muitos morri, ou eu mesma os matei. Mas não saquei uma arma para ninguém, não finalizei as batidas do coração de pessoa alguma. Apenas deletei alguns seres humanos no banco de dados da minha memória, como se eles nunca tivessem existido. Mas em algumas horas, o fantasma de seus corpos cheios de vida e seguindo em frente com a rotina, me assola.

O que aprendia foi a ignorar o que me incomoda, a calar-me quando minha língua coça ansiando opinar em algo, a ler um livro sozinho no alto do muro, a ter um olhar sereno enquanto tudo desaba a minhas volta, a não tentar mais enxergar uma pessoa boa em quem realmente não é, a deixar os outros com seus problemas, pois nem dou conta nem dos meus, a deixar as pessoas se queimarem com seus erros sem colocar minha mão no fogo e sair com uma cicatriz que não era para ser minha, a tentar fazer tudo que pode para esquecer de quem você pode estar virando...

Mas tudo isso, leva tempo. E quando penso que vou enlouquecer, por estar sozinho lá no alto... De repente, começo a ver algumas nuvens. Alguns borrões pretos estão bem logo abaixo. E neste momento, é quando percebo que já estou alto demais para querer equiparar os outros a mim. Percebo que não vou querer diminuir para viver naquele mundo distante logo abaixo, e que estou alto demais para algum dia voltar, e os outros baixos demais, num julgamento preconceituoso e subestimável, para algum dia me alacançar.

2 comentários:

  1. Nossa gente achei muito interessante esse post, isso descreve muitas pessoas q se recusam, ou q simplesmente não consegue enxergar o mundo exterior, q sempre vivem em seu mundinho, cheio de mimos e encantos.
    Tá de parabéns quem escreveu!

    ResponderExcluir